segunda-feira, 15 de julho de 2024

 

ARAPIRACA TEM O PRIMEIRO CAMPEONATO FEMININO DE XADREZ DA HISTÓRIA

 

A cidade de Arapiraca, situada no agreste alagoano, sediou no ano de seu centenário e pela primeira vez em sua história, no sábado dia 06 de julho, o primeiro Campeonato Arapiraquense Feminino de Xadrez; torneio que se destaca como um momento histórico para nossa cidade, posto que foi voltado exclusivamente para mulheres, representando um marco significativo na promoção e inclusão feminina em um esporte tradicionalmente dominado por homens.

Folder do Torneio

Realizado nas dependências da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), este torneio foi validado pela LBX (Liga Brasileira de Xadrez), contou com o apoio da FEXEAL (Federação de Xadrez do Estado de Alagoas), do clube Capivara Chess e teve como árbitro o professor Alciro Acioli. Compareceram ao evento um total de 49 enxadristas, número digno de um grande torneio.

Salão de jogos na AABB


Além de fomentar a prática do xadrez entre as mulheres, o campeonato também buscou destacar e revelar talentos locais e estaduais. Ao final das disputas, que se deram num sistema suíço em seis rodadas no ritmo de 25 minutos, foram coroadas duas campeãs: a campeã alagoana Raíssa Moura, que demonstrou um domínio impressionante desse nobre jogo, e a campeã arapiraquense Erika Luana, cuja trajetória no xadrez é particularmente inspiradora.

Erika é uma jovem estudante do curso de matemática da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) que começou a se interessar pelo xadrez há apenas seis meses. Seu efetivo envolvimento com o esporte se deu através de uma atividade de extensão universitária promovida pelo professor Ornan Filipe. Este projeto, que tinha como objetivo incentivar o raciocínio lógico e estratégico entre os alunos, acabou por revelar talentos como Erika Luana e Bruna Francielle para o xadrez. Em pouco tempo, ela se destacou entre as colegas e decidiu participar do campeonato arapiraquense, onde acabou conquistando o título local, tornando-se a primeira campeã feminina da história de Arapiraca. Nas palavras da própria campeã “Se não fosse pela extensão, eu não teria continuado no xadrez e participando de torneios. Foi através da extensão que conheci os torneios e eventos; sem ela, seria apenas diversão dentro da universidade... Sem falar na questão da evolução nas estratégias do jogo.”

Erika Luana

A vitória de Erika comprova que dedicação e talento produzem doces frutos, além de ressaltar a importância de iniciativas que incentivem a participação feminina em esportes intelectuais. O xadrez, em particular, continua um esporte que desperta pouco interesse entre as mulheres, muitas vezes devido a estereótipos e falta de oportunidades. Torneios como o campeonato arapiraquense feminino de xadrez e projetos que visem o ensino do jogo são fundamentais para mudar esse paradigma, colocando-se como verdadeiros catalizadores para que mais mulheres descubram e desenvolvam suas habilidades no jogo. A própria campeã arapiraquense incentiva "Diria para uma menina que tem medo de torneio que 'meta as caras' e vá participar dos torneios. Você só conhecerá o que realmente é o xadrez, quando começar a enfrentar adversários fortes... Que te motivam a melhorar".

Em partida decisiva, Erika Luana x Alana Vitória, chegamos a seguinte posição em que jogam as brancas.

Posição crítica

Seguiu 1. Tf1  Dxa2   2. Ch5 Dxb3?? Um erro que negligencia o forte ataque preparado por Erika na ala do rei. 3. Dd4 (ameaçando mate)  Tf6   4. Cxf6  gxf6?? (o erro fatal)

Erika e Alana
Brancas jogam. Mate em 3.

 5. Tg1+  Rf8   6. Dxf6+  Re8   7. Tg8#

A conquista de campeãs como Raíssa e Erika no cenário esportivo estadual mostra que o talento e a determinação não têm gênero, e que com apoio e oportunidades, as mulheres podem alcançar grandes feitos em qualquer área. Mais ainda, com a realização deste torneio, Arapiraca se coloca na vanguarda da promoção do xadrez feminino, inspirando outras cidades a trilharem o mesmo caminho.

Raíssa na mesa 1


Assim, o primeiro campeonato arapiraquense feminino de xadrez da história de nossa cidade, não apenas celebra a habilidade e o espírito competitivo de suas participantes, mas também reforça a importância de promover a inclusão e a igualdade de oportunidades no esporte, quiçá inspirando uma nova geração de enxadristas a perseguirem seus sonhos e a desafiarem seus próprios limites.

A seguir, colocamos a classificação final em cada certame.

Alagoano Feminino: Raíssa Moura (campeã), Laura Sophia (vice-campeã), Katja Sophia (terceiro lugar)

Arapiraquense Feminino: Erika Luana (campeã), Bruna Francielle (vice-campeã), Alana Vitória (terceiro lugar).

Da esquerda para direita: Katja, Raíssa e Laura

Linaldo Bispo, Bruna Fracielle, Helder Bispo, Erika Luana, Ornan Filipe e Alciro Acioli


Foto com parte das enxadristas

Texto de Ornan Filipe.