terça-feira, 15 de maio de 2018

Xadrez Alagoano Faz Bonito em Sergipe

Matéria escrita por Ornan Filipe, exímio enxadrista  e participante da delegação alagoana, do Campeão do Torneio, o Arapiraquense Alexsandro Barros e do Maceioense Jayme Miranda, terceiro.

Ao Centro o Jovem Alexsandro Barros, campeão do evento, a esqueda (do leitor) o baiano Mário Fiães, a direita (do leitor) Jayme Miranda, terceiro lugar. 

A equipe alagoana de xadrez que esteve presente no sábado, dia 12 de maio de 2018, na capital sergipana, para jogar o II Memorial Professor Mário Roberto, fez bonito. Dos dez primeiros colocados no torneio, nada menos do que cinco enxadristas eram de clubes de xadrez alagoanos, incluindo aí o grande campeão, o arapiraquense Alexsandro Barros de Lima, e o terceiro colocado, o maceioense CM Jayme Miranda.

Destaque especial merece o Clube Arapiraquense de Xadrez (CAXA) que mandou um trio de atletas (Alexsando, Jonathas e Ornan), estando esses três exatamente entre os cinco citados anteriormente, com destaque, como já dito, ao campeão do torneio, o mestre LBX Alexsandro Lima. Também, nas 6ª e 7ª colocações, respectivamente, os enxadristas Ornan Filipe e Jonathas Magalhães. Esse belo resultado, em terras não alagoanas mostra que o CAXA é, de fato, um importante representante e incentivador do xadrez no interior de nosso Estado e grande referencial do xadrez alagoano. Fica aqui, portanto, o nosso grande apreço por todos os que formam essa verdadeira família.



O evento (aberto) contou com a participação de 66 enxadristas de diversos estados do país, sendo disputado no ritmo rápido (10’+5’’) e em oito rodadas. Foi arbitrado pelo AN CBX Carlos Viana, que conduziu com bastante equilíbrio e parcimônia o evento, cumprindo os horários previstos na programação. O jovem mestre Alexsandro venceu brilhantemente o torneio, de modo invicto (foi o único invicto), com 7,0 pontos nos oito possíveis. A pontuação dos demais representantes de Alagoas foram CM Jayme Miranda 6,5 pontos, Ornan Filipe 6,0 pontos, José Ferreira 5,5 pontos e Jonathas Magalhães 5,5 pontos. Também tivemos a participação de outros nomes notáveis do xadrez do interior, dentre eles Lúcio Flávio, o professor Luziano e o Sérgio Roberto (todos da APAX). Também outros nomes da capital, dentre eles o José Ferreira (Ferreirinha) e o Gelson Diniz. Para maiores detalhes, os dados do evento podem ser encontrados em: http://chess-results.com/tnr345735.aspx?lan=1

Em entrevista ao fim do torneio, o jovem Alexsandro destacou como partida decisiva aquela que jogou contra o vice-campeão, o baiano Mário Fiães. Alexsandro conduzia as pretas e jogou uma Benoni Antiga que se transpôs num Contragambito Blumenfeld. Felizmente, conseguimos reproduzir a partida e, para o deleite dos leitores desse blog, ela segue abaixo com breves comentários.
 [Round "7"; Brancas: Mario Fiãns e Pretas: Alexsandro Lima] [Resultado 0-1]
1. d4 c5 2. d5 e6 3. c4 b5 4. dxe6 fxe6 5. cxb5 d5 6. Cf3 (a teoria recomenda e4) Cf6 7. g3 Bd6 8. Bg2 O-O 9. O-O Cbd7 10. e3 Bb7 11. b3 De7 12. Bb2 Tad8 13. Cc3 e5 14. Ca4 e4 15. Cd2 Ce5 16. Ba3? (a vulnerabilidade da casa d3 pedia a captura Bxe5) d4 17. exd4 cxd4 18. Bxd6 Dxd6 19. Te1 Cd3 [era mais forte 19.. Cfg4! convidando à captura do peão de e4 pois se (a) 20. Bxe4 Dh6 é decisivo. Por exemplo 21. h4 Cxf2 22. De2 Cxe4 23. Cxe4 d3!. Ou então, se (b) 20. Cxe4 Bxe4 21. Txe4 Cxf2] 20. Tf1 De5 21. Cc4 Dg5 (melhor era Dxb5 recuperando o peão com grande vantagem posicional) 22. Ca5 Ba8 23. Cc6 Td7 24. Bxe4 Cxe4 25. Dxd3 Dd5 26. f3 Cg5 27. Rg2 Tdf7 (ver diagrama da posição decisiva)



28. Tae1? [Um erro! Era preciso Dc4. O arremate  agora é belíssimo] Bxc6 29. bxc6 Cxf3 30. Txf3 (Se 30. Td1, há mate em dois. Um bom exercício) Txf3 31. De4 Tf2+ 32. Rg1 Tf1+ 33. Rg2 T8f2+ 34. Rh3 Dh5+ 35. Dh4 Dxh4+ 36. Rxh4 Txe1  (0-1)
Como todo torneio que se preze tem belas histórias nos bastidores, para finalizar esse artigo, aqui vai uma delas. Nos bate-papos da viagem de ida, o pai do campeão, Sr. Sandro Ferreira, lembrou uma frase pretérita que sempre o inspirou e que ensinou ao seu filho: “A gente tem que chegar nos ambientes como um gatinho e sair como um leão”.

Alguém tem dúvidas de que o Alexsandro aprendeu direitinho a lição?